terça-feira, 28 de junho de 2016

Ouvir, contar e olhar: 3 fotos, 3 acontecimentos, 3 pensamentos

Esse mês brinquei de contadora de histórias tradicional na época da fotografia digital: levei 3 fotos impressas para os adolescentes da escola onde desenvolvo o Programa Mais Cultura nas Escolas, do Ministério da Cultura, e propus que acompanhassem as histórias de cada uma das fotos e adivinhassem: 

     

1 Qual das fotos era relacionada a uma história real? (foto do menino: O escoteiro desparecido)
2 Qual das fotos eu mesma havia tirado e ouvido sua história? (foto da casa amarela: Lobisomem)
3 Qual das fotos trazia uma história que eles já conheciam? (foto da casa grande: A Loira do Banheiro)

Como de costume nesse projeto de formação de público, as histórias foram contadas em aproximadamente 30min, com objetos e livros, e o tempo restante da aula (10/20min) seria usado para trocas, conversas, e exploração dos livros e material de pesquisa. Mas dessa vez, em algumas aulas chegamos a ficar 40min  a mais, trocando, conversando e explorando...

Como nunca havia acontecido:

1- Nas nossas  trocas e conversas os alunos pela primeira vez contaram histórias que ouviram dos pais e parentes;


2- Exploraram 1 das fotos, encontrando a cada uma das 10 sessões elementos diferentes na imagem , o que deixava a história ainda mais intrigante;


3- Os materiais de pesquisa foram  complementados com novas informações que os alunos conheciam e as histórias contadas se tornaram cada vez mais deles;

 

A experiência ainda está recente, com o tempo as memórias da riqueza desse momento vão alimentar ainda mais essa história. O que penso agora é que:

1- Tudo isso só aconteceu porque ouvi os adolescentes, que desde abril me pedem para contar Lendas Urbanas (e pedem porque em 2014 os “ganhei” quando ouviram minha primeira história escolhida especialmente para eles: Contos de enganar a morte.); 

2- Tudo isso só aconteceu porque acho que entendi o que disse em abril de 2014 minha professora Antônia Andrea da Pós Graduação a Arte de Contar Histórias: “ nada valoriza mais o outro do que ser olhado no olho. Sem olhar no olho não se ouve por inteiro; olhando no olho você faz um pacto.”

3- Tudo isso só aconteceu porque um dia, lá em 2010,  achei que adolescentes não eram o público alvo de ninguém, e isso me intrigou e me despertou a curiosidade para olhá-los, e de tanto olhar, hoje nos olhamos no olho, nos ouvimos por inteiro, estamos fazendo nosso pacto.